A atenção primária à saúde (APS) é o primeiro ponto de contato para cuidados de saúde e desempenha um papel crucial na promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de problemas de saúde mental. (MORAIS et al., 2021) No Brasil, o desenvolvimento de ações de saúde mental na APS é um processo recente e em construção. O histórico da Política de Saúde Mental, iniciada na década de 1990, mostra que inicialmente priorizaram-se os pacientes com transtornos graves, em um esforço de substituição do modelo hospitalocêntrico por uma rede de serviços territorializados. Constatam-se, desde então, avanços ligados à legislação, à diminuição das internações e à construção de práticas clínicas ampliadas, introduzindo o paradigma da Atenção Psicossocial. (GAMA et al., 2021) A partir de 2007, o Ministério da Saúde (MS) propôs uma rede de cuidados de saúde mental incorporando a APS com a Estratégia Saúde da Família (ESF) vinculada ao território e integrada a outras políticas públicas. Em 2008, o MS propõe o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) objetivando ampliar a abrangência e escopo das ações da APS, bem como sua resolubilidade. Em 2011, aprofundando o processo de regionalização, o MS institui a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) para pessoas com sofrimento psíquico, incluindo aquelas decorrentes do uso de álcool ou outras drogas. (GAMA et al., 2021) A abordagem na atenção primária deve ser centrada na pessoa, holística e integrada. Isso significa considerar não apenas os sintomas, mas também os fatores sociais, emocionais e ambientais que podem influenciar a saúde mental. Além disso, é importante garantir um ambiente acolhedor, livre de estigma e com acesso equitativo à RAPS. A promoção da saúde mental na atenção primária também envolve educar os pacientes sobre estratégias de autocuidado, como a prática regular de exercícios físicos, o sono adequado, o estabelecimento de relacionamentos saudáveis e o gerenciamento do estresse. Além disso, é fundamental fornecer suporte emocional, escuta ativa e um espaço seguro para os pacientes expressarem suas preocupações. Em resumo, a saúde mental na atenção primária à saúde é essencial para o bem-estar geral dos indivíduos. Ao integrar a abordagem de saúde mental nos cuidados primários, é possível identificar, tratar e prevenir problemas precocemente, promovendo uma melhor qualidade de vida e reduzindo o impacto negativo dos transtornos mentais. Conforme evidenciado por Morais (2021), existem muitas falhas do atendimento em saúde mental por parte da APS, as quais explicitam a formação técnica e profissional ineficiente dos envolvidos no cuidado, sendo atribuída principalmente ao modelo biomédico adotado nas graduações em ciências da saúde que acabam por perpetuar um atendimento somático em detrimento do atendimento integral e multidisciplinar, com abordagem somática, comunitária e psíquica desses pacientes. A ineficiência pode gerar futuramente encaminhamentos desnecessários e superlotação dos serviços secundários, aumento dos custos ao Estado, cronificação de quadros, maior estigmatização dos pacientes, diagnósticos incorretos e menor realização de atividades coletivas e educacionais em saúde mental, componentes cruciais para um atendimento eficaz. (MORAIS et al., 2021) Frente à importância da temática e a ineficiência encontrada no âmbito do atendimento em saúde mental na APS descritas na literatura, percebe-se a necessidade de realizar capacitações de estudantes da área da saúde visando contribuir para o cuidado integral das demandas psíquicas presentes na atenção básica. Nesse sentido, justifica-se a realização deste evento de ensino para promover um espaço de debate e educação continuada para as demandas de saúde mental que estão presentes na APS.

Capacitar os estudantes e profissionais da área da saúde sobre as demandas de saúde mental na atenção primária à saúde, bem como os encaminhamentos adequados na RAPS e a utilização do sistema de matriciamento.

ODS 3 - Saúde e Bem-estar

Não

Público Interno, Público Externo, Docente, Discente, Técnico Administrativo da Instituição.