Em relação ao eixo temático “câncer infanto-juvenil” e Novembro Dourado, considera-se, atualmente, o câncer como a maior causa de morte de crianças e adolescentes brasileiros com idades entre 5 a 19 anos¹. Dentre os tipos de tumores mais frequentemente diagnosticados destacam-se as leucemias, os linfomas, os neuroblastomas, os tumores de Wilms, os osteossarcomas e os tumores germinativos. Para o ano de 2022, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima registrar 8.460 novos casos de câncer infanto-juvenis no país². A causa desse tipo de câncer não está necessariamente vinculada ao estilo de vida nem aos fatores de riscos ambientais, mas sim com questões embrionárias como a proliferação anormal de células no organismo dos indivíduos3. Felizmente, desde que esses pacientes sejam diagnosticados precocemente e encaminhados para centros especializados, esse aspecto da doença leva a tratamentos mais satisfatórios, com cerca de 70% das crianças e adolescentes alcançando a cura do câncer4. Além disso, esses dados positivos relacionam-se com uma melhor resposta dos organismos mais novos aos tratamentos como radioterapia, quimioterapia ou cirurgia em comparação com os adultos. Por fim, enfatiza-se a importância da existência de uma equipe multidisciplinar composta por pediatras, psicólogos, nutricionistas, oncologistas e fisioterapeutas que busque orientar tanto os pacientes quanto suas famílias sobre o tratamento e questões psicológicas que venham a surgir5. No que se refere à “saúde do homem”, é conhecido que o mês de novembro é um período no qual são divulgadas campanhas sobre prevenção e diagnóstico de câncer de próstata. No entanto, esse mês é, de igual modo, utilizado como um momento de conscientização geral sobre a saúde dessa parcela da população, visto que esse grupo, além de ser um dos mais impactados por adoecimento devido a doenças graves, violência e outras causas externas6, apresenta uma expectativa de vida relativamente menor se comparado às mulheres7. Desse modo, é essencial que o conceito de saúde para os homens seja ampliado, abordando questões de acessibilidade aos serviços de saúde, de estética e autoestima, de questões psicológicas, de ensino sobre saúde sexual e de prevenção à violência. Por fim, acerca do tema "consciência negra”, marcada pela data 20 de novembro, devem ser feitas algumas considerações. Primeiramente, a desigualdade racial no Brasil é um problema que impõe diversos desafios para a população negra no que diz respeito ao acesso à educação, à moradia e à saúde, uma vez que ainda são expressivas as diferenças de renda entre a população negra e branca do país8. Consequentemente, é a população negra que acaba sendo mais exposta a riscos. Além disso, a discriminação nos serviços de saúde é outro tópico de importância discussão sobre o tema, dado que atos preconceituosos contribuem para afastar essa população dos atendimento nos postos de saúde e a torna mais suscetível a condições de vulnerabilidade social. Tendo em vista os dados apresentados, o curso organizado pela LiCiP visará realizar uma integração entre as temáticas de câncer infanto-juvenil, saúde do homem e consciência negra, oferecendo aulas dirigidas por profissionais da saúde que irão apresentar e aprofundar cada um dos assuntos escolhidos. Desse modo, buscando construir uma abordagem multidisciplinar e, consequentemente, ampliando o conhecimento dos inscritos nessas temáticas tão relevantes no contexto de saúde.

O mês de novembro tem sido associado à maior atenção para a saúde do homem, em especial à prevenção do câncer de próstata. No entanto, tal mês também engloba outras temáticas de extrema importância, sendo elas o combate ao câncer infantojuvenil e a consciência negra, em especial a garantia do direito à saúde de qualidade que infelizmente ainda não é assegurada para essa população na sua totalidade. Primeiramente, é significativa uma problematização a respeito das patologias oncológicas que acometem crianças e jovens, as quais são a principal causa de morte entre os brasileiros de 1 a 19 anos¹. Um dos pontos mais relevantes para reduzir tal estimativa entristecedora é o diagnóstico precoce, o qual permite que o tratamento multidisciplinar seja iniciado precocemente, possibilitando, assim, esperança de vidas salvas e prolongadas, o que coincide com a Global Initiative for Childhood Cancer da Organização Mundial da Saúde (OMS), que busca uma taxa de sobrevivência de cerca de 60% para esse segmento populacional até o ano de 2030². Além das crianças e jovens, a saúde masculina integral também está ameaçada, visto que os homens possuem histórica e culturalmente um menor índice de frequência aos serviços de saúde, o que, por consequência, aumenta a morbimortalidade pelo cuidado tardio, ou, em muitas ocasiões, inexistente³. Outra parcela de cidadãos vulnerável que recebe destaque neste mês é a população negra, ainda negligenciada e vítima de preconceito dentro e fora dos centros de saúde, o que acarreta situações mais precárias de adoecimento e morte4, visto, por exemplo, durante a pandemia de COVID-19, na qual foram relatadas piores taxas de óbitos decorrentes da doença para negros e outras minorias étnicas5. Portanto, é de grande necessidade o planejamento e execução de estratégias para englobar tais temas na comunidade universitária, propiciando um debate multidisciplinar construtivo com o intuito de promover melhores abordagens para tais dilemas na prática de cuidados com a saúde. A iniciativa da Liga de Cirurgia Plástica da UFCSPA (LiCiP UFCSPA), ao articular o curso “Novembro Consciente: Interlocução entre o Câncer Infantil, a Saúde do Homem e a Consciência Negra” vai de encontro com os propósitos de três Políticas Nacionais, sendo elas a de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)6, de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)³, e, ainda, de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN)4. Dessa forma, apresenta temáticas que, embora presentes em planos teóricos governamentais para prática no Sistema de Saúde brasileiro, nem sempre são abordados no currículo acadêmico, ou, quando são, não englobam as diversas dimensões biopsicossociais e espirituais, as quais pretendem ser desvendadas pelo curso em questão, com um enfoque na especialidade de cirurgia plástica. Dessa maneira, será propiciado, ainda, prosseguimento da análise das peculiaridades desses assuntos em anos seguintes para progredir com o propósito de desmistificar, facilitar e internalizar a devida relevância do câncer infanto-juvenil, saúde do homem e consciência negra entre os estudantes e demais profissionais da saúde.

Público Interno, Docente, Discente, Técnico Administrativo da Instituição.